Por Jaíne Vilas Bôas
Repórter da AVERA
Fotos: Divulgação / OSID
Maria Rita de Souza Brito Lopes, nascida em 26 de maio de 1914, é mais conhecida como Irmã Dulce ou simplesmente “Anjo Bom da Bahia”. Marcou história pelas suas inúmeras ações de caridades e assistência social ao longo da vida.
A vocação para a vida religiosa começou muito cedo. Aos 13 anos, passou a acolher doentes e mendigos em sua própria casa, transformando o local em um verdadeiro posto de apoio. Na época, o lugar ficou famoso como “Portaria de São Francisco” por conta da quantidade de adoentados que se aglomeravam na porta.
Em 1933, a beata graduou-se professora. No mesmo ano, mudou-se para Sergipe para ingressar na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão. Lá, foi ordenada freira e passou a ser chamada de Irmã Dulce, atributo dedicado à sua mãe, falecida anos antes.
De volta a Salvador, os pensamentos da freira continuaram voltados aos mais necessitados. No ano de 1939, inaugurou o Colégio Santo Antônio, uma escola pública voltada para operários e seus filhos, no bairro de Massaranduba, periferia da capital.
Após uma intensa busca por um local com o intuito de abrigar as pessoas que eram resgatadas das ruas, Irmã Dulce obteve a permissão para ocupar um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio, alojando cerca de 70 enfermos que a acompanhavam.
Atualmente, nesse mesmo local, está instalado o Hospital Santo Antônio, uma das maiores unidades de saúde da Bahia.
RECONHECIMENTO
As Obras Sociais que Maria Rita liderou tiveram grande repercussão, até mesmo internacionalmente. Em 1980, durante a primeira visita do Papa João Paulo II ao Brasil, a beata foi convidada para subir ao altar e receber uma benção especial, na qual o Santo Padre entregou-lhe um terço e falou as seguintes palavras: “continue, Irmã Dulce, continue”.
No ano de 1988, foi indicada ao prêmio Nobel da Paz pelo então presidente José Sarney. Seus trabalhos continuaram. Foram mais de cinquenta anos de dedicação aos doentes, pobres e necessitados.
DESPEDIDA
Já na segunda visita de João Paulo II a Salvador, Irmã Dulce se encontrava acamada, com a saúde debilitada. A futura Santa Dulce dos Pobres faleceu em 1992 por problemas respiratórios. Sua morte foi sentida por milhões de brasileiros, especialmente por seus conterrâneos. A Bahia parou para chorar a perda de seu anjo.
“CONTINUO PRESENTE”
Os milagres atribuídos à beata são inúmeros. Seu processo de canonização teve início em 2000 e, logo que se iniciou, seus restos mortais, que até então estavam na Igreja da Conceição da Praia, foram levados para Capela do Convento Santo Antônio, na sede das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID).
Irmã Dulce conquistou a canonização após o segundo milagre atribuído a ela ser reconhecido pelo Papa Francisco, a tornando a primeira mulher nascida no Brasil a ser consagrada santa.
O relato da segunda benção veio de Maurício Moreira, um homem que passou 14 anos cego e obteve sua cura após rogar à freira que intercedesse por ele, pouco antes de dormir. Maurício foi consagrado com o milagre no dia seguinte.
A cerimônia em que Irmã Dulce se tornará Santa Dulce dos Pobres será realizada nesse domingo (13), presidida pelo Papa Francisco, em Roma. Além de ser a primeira santa soteropolitana, baiana e brasileira do mundo, a canonização de Irmã Dulce será a terceira mais rápida da história – apenas 27 anos após sua morte.
*Com revisão de Marco Dias e edição de Matheus Pastori