As empresas júniores fortalecem o empreendedorismo, liderança, profissionalismo e educação
Por Íssala Queiroz
Revisão: Silvana Pinho
Em busca de tornar o Brasil cada vez mais empreendedor, a Empresa Júnior (EJ) é uma organização sem fins lucrativos composta por alunos ativamente matriculados em um curso superior e tem como objetivo fazer com que estudantes tenham seu primeiro contato com o mercado de trabalho, ainda na universidade.
Através dela é possível integrar conhecimentos acadêmicos com o âmbito profissional e situações reais do mercado. Além de impactar dentro do mercado sênior, oferecendo serviços por um valor abaixo da média do mercado para ganhar experiência no início da carreira.
A Empresa Júnior se apresenta como uma excelente alternativa para fundar uma revolução em toda a metodologia de ensino superior do Brasil e do mundo. Um exemplo disso é a Brasil Júnior, que tem como missão “formar, por meio da vivência empresarial, lideranças comprometidas e capazes de transformar o país em um Brasil empreendedor.”
Histórico
O Movimento Empresa Júnior (MEJ) teve início em 1967 na cidade de Paris, na França, e em 1988 chega ao Brasil com a Empresa Júnior da Fundação Getúlio Vargas (EJFGV), em São Paulo. Na Bahia, surge em 1990, com a Empresa Jr Adm da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Em 2016, foi sancionada a Lei das Empresas Júniores, n°.13.267/16, um passo muito importante para o incentivo ao empreendedorismo nas universidades brasileiras e nela estão expressos todos os direitos e deveres de uma Empresa Júnior no Brasil e marca a consolidação e o reconhecimento do movimento.
A instância Brasil Júnior é a Confederação Brasileira de Empresas Júniores, presente nos 27 estados, representando o Movimento Empresa Júnior e potencializando a formação de empreendedores comprometidos e capazes de transformar o país.
Enquanto isso, na Bahia, existe a Federação das Empresas Juniores do Estado da Bahia, (UNIJR – BA), criada em 1999 pela Brasil Júnior, sendo o órgão que representa, fomenta e regulamenta o Movimento Empresa Júnior no estado, além de defender as empresas júniores frente à sociedade e promover e divulgar o ideal Empresa Júnior.
Marcelo Andrade, 22 anos, presidente do Conselho das Empresas Juniores do NEJ Salvador diz que: “as instâncias têm como função prestar suporte para que as empresas juniores possam se desenvolver, ajudando através da rede, que possuem mais de 1.590 empresas no movimento, e cada estado possui sua instância, em Salvador existe o NEJ Salvador que apoia e coordena aqui na capital para transformar e ser um Brasil empreendedor.”
Andrade também diz que ter a vivência dentro de uma empresa júnior te destaca e prepara para um futuro profissional, pois é possível colocar a “mão na massa” e realmente ter um contato com a sua área, além de ter um preparo para o mercado de trabalho antes, algo importante que o curso ainda não ensina aos alunos.
Estudante de Produção Cultural, Diretora de Gente e Gestão e Diretora de Marketing, Isabela Monteiro diz que “o MEJ causa um impacto muito grande no âmbito pessoal, de autoconhecimento de quais são seus limites, de saber quais são os seus reais objetivos, de se conhecer e entender qual é o profissional que você quer ser.”
“O MEJ é uma grande rede. Um movimento nacional e internacional permite assim que você tenha os networkings certos e conheça as pessoas certas”, diz Monteiro.
Ao entrar na faculdade, a maioria dos jovens não estão preparados para exercer funções importantes no mercado de trabalho ou criar o seu próprio negócio e dentro de uma empresa júnior é possível aprender na prática como funcionam essas relações com clientes e outros profissionais.
Fazer parte de uma empresa júnior não é o mesmo que ser um estagiário. Porém, o nível de experiência conquistado nas organizações estudantis tende a ser maior, já que se assume mais responsabilidades e possui uma gama de aprendizado tanto na própria área de atuação quanto no empreendedorismo.
Dandara Dias, 20 anos, estudante do BI de Humanidades e consultora da ADM UFBA relata que “quis continuar trabalhando o espírito de liderança por ser importante no mercado de trabalho, e ao entrar na universidade já conhecia sobre o movimento júnior e teve compatibilidade com a empresa júnior de Administração da Universidade Federal da Bahia.”
Dias explica também que “só vivendo para saber o espírito de mudança que uma empresa júnior traz”.
“O sentimento de um futuro melhor por ver tantos jovens atuando dentro do mercado de trabalho, se sente parte e responsável por um futuro mais ético, diverso e melhor”, completa.
As empresas júnior impactam diretamente no ecossistema atual. Primeiramente na universidade, onde agrega na formação dos alunos, os incentivando a discutir problemas reais e aplicar conceitos aprendidos no curso, promovendo uma vivência empresarial única.
Além de formar lideranças empreendedoras, com visão sistêmica e com diversas habilidades que as tornam mais preparadas para o mercado e capazes de impactar positivamente o país no futuro.
Isabella Monteiro acredita na importância de ser uma liderança dentro de uma empresa júnior e afirma que não teria a oportunidade de gerir uma empresa com 21 anos.
Ela conta que “você acaba se desenvolvendo em patamares e âmbitos que talvez você nem imaginava, eu não consigo colocar em palavras o quanto eu mudei por estar numa posição de liderança, por ter a responsabilidade de ser uma liderança. Me preparou muito em diversos níveis, em diversas áreas da minha vida pra que eu possa ser uma ótima contribuinte para o mercado de trabalho da da comunicação.”
Ter essa participação e vivência, seja liderando ou não, pode garantir um grande diferencial no currículo dos estudantes, uma vez que muitas empresas seniores dão muito valor para pessoas que já participaram de uma empresa júnior, pois já apresentam qualidades que são bastante procuradas por essas empresas.
Sendo um dos principais objetivos das EJs é ser uma experiência educacional aos seus membros, ajudando-os a se descobrirem e evoluírem independente de onde começaram.
Como disse Bernardo Gomes, 21 anos, estudante de administração e presidente da Primus Consultoria, “se torna uma ideia muito madura de aceitar a oportunidade de vivenciar o mercado de trabalho sênior sem estar imerso no mesmo.”
“Ser um empresário Júnior me permite ter diferentes visões e atitudes sobre assuntos e comportamentos em relação aos colegas de sala de aula. O Movimento Empresa Júnior é o laboratório para todo estudante que quer se preparar para o mundo empresarial e te permite ser o seu melhor, crescendo de forma exponencial e se destacando perante aos demais”, explica Gomes.
Bernardo diz que “o Movimento Empresa Júnior é justamente a oportunidade de relacionar todo o conteúdo teórico aprendido em sala de aula, com a prática vivida na execução dos projetos” e “a vivência de Empresa Júnior alinhada à faculdade acaba sendo complementar e de fácil conciliação.”