Jornalistas relatam os desafios de trabalhar na editoria esportiva e motivam a presença das mulheres no meio
Por Leonardo Góes
Revisado por: Silvana Pinho
Entre as décadas de 1940 e 1950 era raro ver uma mulher repórter de campo cobrindo partidas de futebol, pois o esporte sempre foi dominado por homens. Somente a partir dos anos 70 que as mulheres começam a ganhar espaço na editoria esportiva, mas ainda assim havia poucas profissionais trabalhando neste universo esportivo, sendo considerado até hoje um meio machista.
Com o passar dos anos, as mulheres estão ganhando força e presença, dentro e fora de campo. As jornalistas demonstraram conhecimento e competência sobre o assunto, conquistando o reconhecimento e o respeito pelo seu trabalho no jornalismo esportivo, mostrando que também podem e devem falar de futebol.
Daniela Leone, repórter do Sportv/Globo, conta que as mulheres precisam ter muita determinação, estar muito informada e ser donas de bom conteúdo de informação: “Sejam firmes no propósito, sejam firmes na intenção de alcançar o sonho”, motiva Leone.
A jornalista conta que transitar no ambiente masculino foi algo que nunca a intimidou, sempre pensou em todos os detalhes, para que fosse respeitada como profissional e, em especial, como mulher.
“Desde criança eu aprendi a combater o machismo, levantando essa bandeira de que eu posso fazer o que eu quero, estar onde eu quero e não dizer onde devo estar ou o que devo fazer”, justifica Daniela.
A repórter lamenta que a editoria esportiva ainda é um ambiente, predominantemente, formado por figuras masculinas e acha de extrema importância esse aumento da quantidade de mulheres, afirmando que está acontecendo um momento de abertura, mas há muito o que ser conquistado ainda.
Daniela vê nas redações “uma vaga como se fosse de ‘cota’ para a mulher”.
“Temos diversas profissionais mostrando o quanto podem e sabem passar informação e a emoção do esporte. Por que não editorias com predominância femininas? Por que não editorias com divisão de número entre mulheres e homens? Eu acho que o meio só tem a ganhar com isso”, declara a repórter.
“Precisa ter a quebra do preconceito. A pergunta errada feita por um homem, é apenas uma pergunta mal feita. Quando uma mulher faz uma pergunta com pouco contexto ou sem muito sentido, é porque a mulher não entende de futebol ou não deveria estar ali. O conteúdo e a informação são as principais armas para combater o preconceito”, completa Leone.
Margarida Neide, fotógrafa esportiva, relata que não liga para o machismo e está ali para fazer o seu trabalho. “Se você faz um trabalho sério, gosta do que faz e é bom, as pessoas começam a te respeitar”, explica Neide.
A fotógrafa conta que não sabia nada de futebol e foi chamada para trabalhar na área esportiva. Responsável pelas coberturas de Bahia e Vitória, relata que estudou sobre o esporte e que essa parceria do futebol com a fotografia “deu muito certo”.
“A paixão da torcida é um sentimento maravilhoso, o futebol é um esporte bonito de se ver”, relata a jornalista.
Margarida acha ótimo a ascensão das meninas e fala que para ser jornalista, precisa ter um compromisso com a verdade e com a ética.
“Acho que eu deixei isso entendido para as meninas de hoje, fazer o que elas quiserem e fazer bem-feito, para que as pessoas comecem a te respeitar. Se vocês amam o que vocês fazem e querem se tornar um profissional, tem que ir à luta, nada vai impedir”, completa a fotógrafa.