Com os impactos da pandemia, músicos reforçam a importância de seguir os protocolos de segurança em shows e eventos e relatam como se reinventaram no isolamento
Desde a chegada da pandemia do Covid-19, no final de fevereiro de 2020, shows, eventos e apresentações musicais com a presença do público foram interrompidos, devido a necessidade de isolamento e distanciamento social.
Segundo pesquisa da União Brasileira de Compositores (UBC), juntamente com a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), 86% dos profissionais da música tiveram sua renda prejudicada pela pandemia.
Com mais duas milhões de primeiras doses aplicadas, segundo a Secretaria da Saúde de Salvador, bares, shows e eventos começaram a retomada das atividades de maneira gradativa na capital baiana. Entretanto, o assunto tem gerado divergência de opiniões entre profissionais do mercado musical.
O músico e produtor Jordi Amorim (25) não é a favor do retorno dos eventos. “Acho que não são possíveis as reuniões musicais, não acho que seja tempo para a gente estar reunido”, opina Amorim.
Para o músico, por mais que precise participar de eventos por uma necessidade financeira, não se sente à vontade nessas situações no contexto da pandemia atual. “É muita gente que você não conhece, não sabe a procedência, de onde vem e como se cuida, que está ali na frente do palco, então não me sinto confortável”, diz o músico.
Além disso, Amorim alerta para o fato de que parte do público e músicos não estão seguindo os protocolos adequados nos eventos que participam. “As pessoas estão cantando e se divertindo sem máscara, compartilhando bebidas”, relata o artista. Já o músico e compositor, Lula Magalhães, apoia a ideia da retomada dos eventos. “A gente precisa voltar, precisa agir, trabalhar, e não dá mais pra ficar esperando”, opina Magalhães.
O músico também fala do impacto negativo que a pandemia teve na sua rotina de trabalho, principalmente na questão financeira. Com a ausência de eventos musicais, as carreiras foram muito afetadas.
O artista relata que a sensação de ver o público pela primeira vez depois de mais um ano de isolamento foi emocionante para ambos os lados. Mas o cantor reforça a necessidade de se seguir os protocolos de segurança durante esses eventos. “Quando o público tem a conscientização de ficar sentado na sua mesa, assistir ao show seguindo as normas de segurança, fortalece muito”, completa Magalhães.
Alternativas
Com o impacto na renda de cantores e artistas, causado pela pandemia, alguns músicos precisaram buscar alternativas durante o período de isolamento social.
O cantor e compositor, Adson Santana, diz ter recorrido às transmissões ao vivo como forma de complementar sua renda. Com lives realizadas nas redes sociais e em seu canal do YouTube, o músico conta que conseguiu arrecadar doações dos espectadores.
“Me surpreendi, tive vários anjos que me ajudaram e contribuíram bastante. E Graças a Deus consegui segurar a onda bem com as lives”, relata Santana.
Já o músico e produtor de eventos Rhinner Sena, que devido a interrupção dos eventos teve sua fonte de renda afetada, também teve que procurar outras formas para manter sua renda.
De acordo com o produtor, a solução foi migrar para outras áreas nesse período de isolamento. Sena teve que sair do setor de eventos musicais e trabalhar como Social Media, cuidando da administração de mídias digitais. “Não tinha como se trabalhar com eventos na pandemia, no caso, antes das liberações”, alega Sena.
O produtor relata que com a volta dos eventos e shows, retomou as atividades, atuando tanto na parte de produção e organização, quanto como músico
Auxílio para artistas
O músico e compositor Faustino Menezes (25) conta que os auxílios concedidos pela Lei Aldir Blanc, elaborada com a finalidade de atender o setor cultural afetado pela pandemia, e pelas secretarias de cultura dos municípios, ajudou os músicos independentes que tiveram sua principal fonte de arrecadação afetada pela interrupção dos shows presenciais.
Menezes conta ter recebido o auxílio cultural do município de Camaçari e o investimento proveniente da Lei Aldir Blanc. “A gente teve esse auxílio público e foi o que ajudou mesmo a completar parte do que estávamos sentindo falta”, relata Menezes.
De acordo com o músico, esses incentivos dos órgãos públicos, ajudaram a compensar parcialmente a ausência da arte e da cultura nesse período de pandemia.
Repórteres: Alice Falcão Rocha, Anderson Santana Santos, Gabriel Falcão Rocha, Leonardo Abreu Góes, Luís Felipe de Oliveira Guimarães
Revisão: Antônio Netto
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