Principal atleta baiano da prática esportiva, Bruno Vieira relata dificuldades enfrentadas pela categoria na capital baiana
Por Beatriz Macêdo, Júlia Ramos e Karine Beatriz Araújo
Revisão: Antônio Netto
O triathlon é uma prática esportiva que combina três modalidades de atletismo: natação, ciclismo e corrida. São 1,5 km de nado, 40 km de pedal e 10 km de corrida em uma mesma prova.
Em Salvador, a prática do esporte vem ao longo dos anos se popularizando, contudo, a cidade não possui a estrutura de equipamentos especializados para o treino conjunto das modalidades.
O principal atleta baiano de prática esportiva, Bruno Vieira, de 23 anos, relata quais são as dificuldades enfrentadas pela categoria diante da realização de treinos e eventos de triathlon na cidade.
“Por ser uma cidade muito grande, os horários de treino, principalmente da bike, são bem limitados por conta do trânsito. Para a corrida temos bons lugares, porém uma pista de atletismo oficial faz muita falta. A natação acredito que seja a melhor modalidade para se treinar em Salvador, não só por conta do mar, mas também pelas inúmeras piscinas disponíveis”, analisa o atleta.
“Para um atleta amador, essas limitações dos treinos não interferem muito, mas para um atleta profissional faz toda diferença”, completa Vieira, 8º lugar no Sul Americano 2015 da categoria Junior.
As práticas do esporte foram ainda mais prejudicadas diante do cenário de pandemia da Covid-19. O Centro Olímpico de Natação da Bahia e a Arena Aquática de Salvador, por exemplo, ficaram fechados por mais de cinco meses. As restrições das orlas e praias soteropolitanas também impediram o treino de muitos esportistas.
A Federação Baiana de Triathlon (Febatri) vem tentando reduzir as dificuldades dos praticantes do esporte. A entidade, com o apoio da Superintendência de Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), conseguiu que uma equipe de cinco triatletas tivesse permissão para utilizar a Arena Aquática Salvador, em horários específicos.
“O nosso time de triathlon que treina na Nova Piscina Olímpica está dando show! O objetivo é avançar através da estruturação dos treinos, personalizados para cada perfil de triatleta e seus respectivos objetivos. Para isso, estamos buscando profissionais de múltiplas áreas para dar suporte ao desenvolvimento da nossa natação voltada para o triathlon”, informa a Febatri através de publicação no Instagram.
Entretanto, as ações da Federação não são suficientes para suprir a pouca estrutura que Salvador oferece aos atletas que praticam o esporte.
“O cenário do triathlon amador de Salvador tem crescido muito, a Febatri tem feito um excelente trabalho, porém o alto rendimento continua a desejar”, lamenta Vieira.
Apesar das problemáticas, o governo do estado vem se mostrando atento às solicitações dos atletas. No dia 7 de junho, uma reunião virtual realizada entre a Febatri e a gestão estadual, tratou-se do projeto de desenvolvimento da natação do triathlon na Nova Piscina Olímpica, localizada na capital baiana.
Triathlon: esporte que transforma vidas
Para Bruno Vieira, o triathlon tem o poder transformador do esporte, atuando no processo de socialização dos envolvidos.
“O triathlon mudou minha vida completamente. Fiz inúmeras amizades por todo país e pelo mundo, aprendi coisas que levarei comigo para o resto da vida, adquiri valores importantes como dedicação, comprometimento, responsabilidade. Mesmo quando eu deixar a carreira profissional, o triathlon sempre estará presente em minha vida, seja competindo como amador ou promovendo o esporte”, afirma o atleta baiano.
Por exigir várias habilidades do corpo, o triathlon desenvolve melhora nas capacidades físicas e emocionais dos atletas, além de aprimorar as funções respiratórias, cardiopulmonar e articulares e libera hormônios que causam prazer e satisfação após o exercício.
O esporte e a saúde
De acordo com a médica Êmille Ramos, clínica geral que atua na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santo Antônio de Jesus, as práticas esportivas de grande intensidade podem melhorar doenças de ordem emocional.
“A depressão, por exemplo, é atenuada pela prática de atividades físicas. Como os exercícios físicos liberam o hormônio que melhora o humor da pessoa, então podem beneficiar indivíduos depressivos. O AVC [Acidente Vascular Cerebral] e o infarto agudo do miocárdio também podem ser evitados”, declara a profissional.
Entretanto, ainda de acordo com a especialista, é necessário praticar o esporte de forma responsável, já que a má condução da prática do triathlon, ou qualquer atividade física que demande muito do corpo, pode resultar em danos físicos e psicológicos.
“É importante saber se tem algum problema que impede de fazer essa atividade e alguma limitação que piore com a prática desse esporte. É imprescindível fazer uma atividade física monitorada. Existe o risco de fazer uma atividade física diariamente sem uma orientação e causar problemas articulares, ósseos e vai te deixar mais fatigado, com dor e isso é o contrário do que a gente quer com a realização da atividade física”, conclui Êmille.
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