Saiba como se tornar um profissional de arbitragem, os riscos da profissão e quanto ganha um árbitro
Por Sued Bomfim dos Reis
Revisão: Antônio Netto
Diante do espetáculo do futebol, o arbitro é uma função corajosa para quem trabalha neste campo esportivo. Autoridade, ele controla o jogo a cada partida, para fazer cumprir as regras do jogo, a qual tenha sido designado.
Nomes como Carlos Eugenio Simon, Armando marques e Arnaldo Cezar Coelho são um dos profissionais mais conhecidos do futebol brasileiro que possuem estilo rigoroso, confiável e incisivo em seus apitos.
Os árbitros de futebol, apesar de serem apresentados como coadjuvantes, comparados aos jogadores e técnico dos times, realizam uma função essencial na operação do jogo.
A profissionalização
Paulo de Tarso Bregalda Gussen, 39 anos, é árbitro assistente vinculado à Federação Baiana de Futebol (FBF) e à Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Bregalda explica que existem árbitros amadores e árbitros que estão vinculados à uma Federação estadual. Neste caso, existe um curso de formação, em que se define a área de atuação, de acordo com a escolha pessoal: árbitro central ou árbitro assistente.
Hoje, o futebol em todo o seu formato profissional exige uma formação, um curso específico para arbitragem. Geralmente os sindicatos estaduais e as federações que realizam tais cursos.
A duração do curso é de dois anos e um dos pré-requisitos para iniciar a formação é o candidato ter concluído ou estar cursando o terceiro ano do ensino médio.
Assim, para se torna um árbitro de futebol, Bregalda relata que aprendeu , além das regras do jogo, matérias como psicologia, ética, noções de educação física e confecção de relatórios.
Rotina da profissão
Bregalda conta que sua rotina em jogos profissionais não é fácil.
“Os dias e horários são bem irregulares. Podendo ser escalados para jogos em qualquer dia da semana e vários horários. Geralmente são escalados um árbitro e dois assistentes do mesmo estado e viajamos juntos.”
Quando estão no local dos jogos, o técnico relata uma rotina trabalhosa com “reunião técnica pela manhã, chegada no estádio com duas horas de antecedência pelo menos, vistoriar o campo, ida para o aquecimento 40 minutos antes do jogo e, após o jogo, confeccionar o relatório, a súmula do jogo.”
Por conta do coronavírus, Bregalda enfatiza as mudanças no trabalho:
“Com a pandemia ficou mais complicado o treinamento físico em espaços fechados. Para cada jogo temos que fazer o teste RT PCR para detecção do covid. Só tiramos a máscara no momento de atuação no jogo. Evitamos beber a água oferecida pelos clubes durante o jogo para evitar contaminação. Ficamos preocupados também em não levar a doença para nossas casas. A preocupação nos jogos está sendo bem maior.”
Associação e Federação dos árbitros
Todos os estados têm os sindicatos locais e nas Federações existe uma comissão de arbitragem. Essa comissão é que fica responsável pelas escalas dos árbitros para os jogos, treinamento e instruções físicas e teóricas.
Existe também a Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (ANAF), que representa todos os sindicatos estaduais.
A Comissão Nacional de Árbitros de Futebol da CBF é quem escala os árbitros para os jogos nacionais, através de uma audiência pública. Na FBF a comissão estadual escala através de sorteio dos árbitros centrais.
No ANAF, o site oficial dos sindicatos dos árbitros de futebol, inclui o mapa de arbitragem, das séries A,B,C e Copa do Brasil, em cada região do país e suas porcentagens, notícias, destaques da semana e comunicados.
Remuneração
A remuneração dos árbitros é feita por jogo. Os valores mudam conforme os campeonatos, as categorias e as funções dos árbitros.
Em média, se o árbitro estiver relacionado no quadro da Fifa, poderá ganhar em torno de R$ 4 mil por jogo, na série A do Brasileirão, enquanto o assistente ganha em torno de R$ 3 mil.
Valores nada proporcionais aos esportistas que mobilizam e fazem toda a diferença na estrutura e formatação do jogo.
Riscos da profissão
O lado agressivo de reações vindo da competitividade ainda é presente nos dias de hoje, mesmo tendo todo um suporte de segurança e consciência coletiva. O árbitro está sujeito à muitas críticas carregadas de agressividade.
Bregalda relata que “no início da carreira é bem complicado, principalmente com as críticas da imprensa. As críticas as vezes são pesadas e todos esquecem que somos seres humanos e temos pais, esposa e filhos”.
Em casos estremos, acontecem ameaças de morte, como do árbitro Cesar Flores, que foi baleado por um jogador penalizado na Argentina.
“No profissional temos acompanhamento de psicóloga da CBF e FBF”, conta Bregalda.
Estrutura em campo
A equipe de arbitragem em campo, durante um campeonato de futebol profissional, é composta por quatro juízes:
O árbitro central, que é responsável por interromper, suspender e finalizar a partida, marcar faltas e tomar medidas disciplinares contra jogadores que manifestarem conduta antidesportiva.
Dois árbitros assistentes, que atuam nas laterais do campo, indicam se a bola ultrapassa as linhas do campo, assinalam impedimentos e auxiliam nas decisões do jogo quando algum incidente ocorre fora do campo visual do árbitro principal.
Por fim, o quarto árbitro, que auxilia nos procedimentos de substituição da partida, servindo também como suplente dos demais árbitros caso um deles não tenha condições de seguir atuando no jogo.
Atualmente, houve uma inserção do Arbitro de vídeo (VAR) que conta com a ajuda da tecnologia a seu favor, através de câmeras. Esclarecendo dúvidas sobre o lance do jogo.
História da Arbitragem
Não se sabe ao certo a data que o futebol surgiu, mas na antiguidade era uma prática violenta e os jogos não tinham regras estabelecidas, permitindo agressões para avançar ou conter o adversário. Na Idade Média, por exemplo, o futebol foi proibido pelo Rei Eduardo II, da Inglaterra.
Regras do jogo surgiram em 1830 criadas pelo Colégio Harrow, estabelecendo uma diversidade de regras que variavam, inicialmente, de escola para escola.
Em 1848, houve uma reunião de diretores de várias escolas que estabeleceram um código comum para o futebol, o que ampliou a aceitação da atividade nos meios educacionais e nas classes mais altas.
Ao longo de anos várias alterações ocorreram, colaborando para que o jogo ficasse mais justo.
Cartões amarelos e vermelhos foram umas das ferramentas principais para disciplinar o jogo, inseridos em 1970, na Copa do Mundo do México, como uma forma de facilitar a comunicação entre os países que não falavam o mesmo idioma.
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