A desigualdade de gênero mobiliza mulheres em todo o mundo, mas a cada dia o público feminino conquista seu espaço na sociedade
Por Adrielly Lima
Revisão: Julya Ferreira
A oficialização do Dia Internacional da Mulher pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975, logo após, diversos movimentos socialistas femininos, fizeram a diferença em benefício de obter seus direitos, causando mudanças significativas para o público.
A data não foi escolhida para que fosse algo comercial, existe uma base histórica por trás desse período. A luta pelos direitos femininos começou depois de um incêndio na fábrica de roupas Triangle Shirtwais, no dia 25 de março de 1911, onde iniciou-se ondas de protestos por melhorias de trabalho.
Ainda no século XX, as mulheres conseguiram suas primeiras vitórias perante o acesso à educação, com a permissão do ingresso no ensino fundamental e nas universidades. Na Europa, por exemplo, o acesso à educação só se democratizou após o fim da I Guerra Mundial.
Atualmente no seu âmbito de trabalho apesar de diversas lutas, as mulheres estão conseguindo ocupar cargos importantes e proporcionar uma reflexão sobre o longo caminho percorrido na trilha de igualdade entre homens e mulheres.
De acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2018, as trabalhadoras brasileiras receberam em média 20,5% a menos do que os homens. Essa oposição é uma realidade em todos os cargos com diferentes gravidades.
Inspiração profissional
Nos dias atuais essa luta feminina ainda persiste, principalmente quando mulheres ocupam cargos satisfatórios dentro de grandes empresas.
A editora-chefe do Jornal Massa, Kenna Martins (37), conta que sabia da responsabilidade de assumir um cargo desse tipo e dos comentários que ouviria durante sua trajetória.
“Quando eu cheguei, pensaram que fosse uma menininha por ter 1,65m de altura, por conta disso passava imagem de mulher frágil e não me deram credibilidade’’, relata a editora chefe.
Martins ainda destaca que “as pessoas sempre vão te julgar, a gente vê isso diariamente, o tempo todo, lê e escuta na maioria dos lugares’’. Entretanto, Martins não se deixa influenciar por comentários.
“Pelo fruto do meu trabalho já consegui alcançar muitas conquistas e ainda outras virão. Tudo que passei na vida vem contribuindo para ser o ser humano que sou hoje. A vida é isso, um eterno sonho para lutar e conquistar”, conta Martins.
A professora e pesquisadora Marta Cardoso, conta que sempre conseguiu driblar os obstáculos mesmo tendo inseguranças decorrentes da inexperiência. com uma extensa lista de lugares nos quais já trabalhou, para ela a insegurança nunca foi por ser mulher, mas sim pelos desafios que precisavam ser enfrentados durante sua trajetória no mercado de trabalho.
“Não tive muitas dificuldades mediantes os lugares que já trabalhei. Quando eu achava que não tinha capacidade de realizar algo, eu evitava entrar’’, pontua Marta.
A professora também menciona sobre ter enfrentado situações somente onde se achava que era capaz realizar, e enquanto havia segurança sobre o seu trabalho, existia também a questão da passagem de positivismo para seus colegas de trabalho.
“Quase todos os meus trabalhos, passei por seleções muito peneiradas, ou então concurso. Então não havia a questão de subestimar, porque você já entra com atestado de que pode trabalhar naquele ambiente sem muitos problemas’’, comenta a pesquisadora.
Além disso, Cardoso complementa que o grande legado que leva para si mesma é o estudo.
“Para qualquer Marta da minha vida eu vou dizer, continue estudando porque é a única coisa que ninguém tira de você’’, conclui a professora Marta Cardoso.
Feminismo no axé music
Para fortalecer a luta feminina, a cantora e compositora Sarajane de Mendonça, de (53), relata que o preconceito sempre foi muito grande, principalmente na época em que tinha contrato com uma gravadora internacional.
Porém, para a cantora, na época dos anos 80 muitas pessoas não respeitavam o estilo da música que tentava mostrar para o mundo, já que ela é nordestina, e com um estilo diferente.
Além disso, a cantora fala sobre a questão de algumas circunstâncias que passou na sua trajetória, “por ser muito jovem, mãe solteira e acabar em um relacionamento com alguém por interesse. Por ser uma época em que não existia o Instagram, as pessoas não olhavam muito o lado do outro’’.
“Passei por muitos preconceitos e dificuldades o que desencadeou uma depressão me fazendo parar de cantar por muitos anos, mas não desisti da música, lutei por um momento melhor’’, conta a cantora.
Sarajane complementa que toda a mulher passa por essas situações, sendo uma pessoa pública ou não, e apesar da exposição o sofrimento é algo do dia a dia.
“Eu sempre me expus, sempre mostrei quem eu sou e minha maior dificuldade é que na profissão e sociedade que estou é preciso ter firmeza para mostrar quem realmente somos’’ conclui Sarajane.
Outras grandes mulheres inspiradoras
Mulheres e jovens que transformaram o mundo com as manifestações, hoje são símbolos de resistência e referência ao redor do mundo. Conheça algumas delas:
- Maria da Penha, com a Lei nº 11.340/2006, determina que todo caso de violência doméstica ou intrafamiliar é crime e deve ser sentenciado pelos Juizados Especializados de Violência Doméstica contra a Mulher.
- Nise da Silveira, Médica psiquiatra que revolucionou o tratamento mental no Brasil.
- Katherine Coleman Goble Johnson, matemática, que ajudou na elaboração de computadores na NASA, para exploração espacial dos Estados Unidos.
- Maria Quitéria de Jesus, combatente da Guerra da Independência do Brasil.
- Malala Yousafzai é uma ativista paquistanesa. Foi a pessoa mais nova a ser laureada com um prémio Nobel por defender os direitos humanos das mulheres.
Visite o Instagram da AVERA e conheça nossos conteúdos exclusivos.
Produção e coordenação de pautas: Márcio Walter Machado