Por Beatriz Macêdo
Estudante de Jornalismo da UNIFACS
Foto: Alexandre Simão / AVERA
Uma história de luta pela liberdade foi o tema principal da palestra “Injustiça em Cabo Verde”, que ocorreu na manhã dessa segunda (16), na sala Harvard do Campus Tancredo Neves (CTN) da Unifacs. A palestra consistiu em um estudo de caso por João Dantas, pai do skipper baiano Rodrigo Dantas. A exposição faz parte da Semana de Comunicação Curto-Circuito, promovida pela instituição.
Por volta de uma hora e meia, o palestrante relatou a trajetória do julgamento de seu filho, acusado de traficar cerca de uma tonelada de cocaína em Cabo Verde. O fato ocorreu em 2017, quando Rodrigo encontrou, via internet, a oportunidade de cruzar o oceano Atlântico para entregar um veleiro na Ilha de Açores, em Portugal.
A viagem transcorria bem, até que problemas técnicos com o barco fizeram com que os tripulantes ancorassem em Cabo Verde. Lá, apesar de ter sido previamente inspecionada pela Polícia Federal brasileira, policiais encontraram 1.100 kg de cocaína escondida na embarcação.
A partir daí, o skipper foi preso com mais dois brasileiros, o baiano Daniel Dantas e o gaúcho Daniel Guerra. Foram 18 meses de prisão e, segundo João, a promotoria cabo-verdense permaneceu irredutível e tendenciosa para a condenação do brasileiro em todo processo, mesmo havendo indícios de sua inocência. Vendo a situação em que o filho se encontrava, João Dantas começa a sua saga para inocentar o filho e seus companheiros.
Em primeiro momento, o pai do skipper contratou advogados para auxiliar na defesa de Rodrigo. Vendo que não era suficiente, João passou a dedicar sua vida ao planejamento da soltura de seu filho. Começou com investigações independentes sobre o barco transportado e seu histórico.
Depois, criou um movimento denominado “A Onda”, em que organizava passeatas, coletivas de imprensa e atos que dessem visibilidade à situação do baiano. O movimento chamou a atenção de vários setores da sociedade, tanto do Brasil, como de Cabo Verde.
Personalidades como Carlinhos Brown, Margareth Menezes e até o presidente da República, à época, Michel Temer, manifestaram apoio a Rodrigo. Temer chegou a ir até a África em visita diplomática em favor da soltura do brasileiro. O velejador ganhou novamente a liberdade em 7 de fevereiro deste ano.. A comoção popular provocada pelas mídias sociais foi de fundamental importância. Entretanto, o processo ainda está em aberto, sem data prevista para o novo julgamento. *