Professora de projeto de extensão da Unifacs convida especialista para debate sobre empoderamento e a tomada de poder da trabalhadora negra no mercado
Por Eduardo Bastos
Revisão: Felipe Correia
Na quarta-feira (21), o Projeto Biossegurança, da Unifacs, realiza mais uma live mediada pela Professora Letícia Cardoso Bras, desta vez tendo como convidada a facilitadora e especialista, Enfermeira Jamile Oliveira. A transmissão acontece no Instagram e, como tema, teve o “Empoderamento da mulher negra na sociedade atual”.
A live, disponível na íntegra, apresenta o contexto histórico da profissionalização das mulheres negras; a retratação e fetichização das mesmas e até a desconstrução necessária para mudar essa estigmatização. Assim, abrindo portas para discussões que estimulam mudanças na condição e posição dessas mulheres dentro da sociedade.
Durante a conversa, a mediadora e sua convidada analisaram a trajetória da trabalhadora negra, e as melhoras gradativas, enfatizando como o passado ainda se repete, mas, que ainda pode servir de aprendizado.
A apresentação debate detalhadamente como a depreciação da mulher negra vem desde a época da escravidão, ironicamente maximizada com a abolição da escravidão. Período em que até a literatura era depreciativa e desumanizada, segundo a especialista.
Caminhos
Ao destrinchar essa realidade ao longo do tempo, Oliveira destaca que entre a vitimização dessas mulheres negras e o “nascimento de heróis entre elas”, a história também se repete.
Onde dirigentes seguem criando políticas desfavoráveis a esse grupo e ainda há uma articulação bem tênue entre racismo e sexismo, atribuindo características ofensivas.
Através de uma fala da atriz vencedora de um Oscar, Angela Davis, a enfermeira afirma que há evolução quando se foge da individualização e se agrupa em prol do bem comum.
“Quando a mulher negra se movimenta, todas se movimentam”, replica Oliveira, citando a frase da atriz.
A solução discutida seria desconstruir o pensamento “comum”. Aquelas ideias erradas que vão passando de geração em geração, para que se diluam com o tempo.
“A desigualdade no Brasil tem cor e tem sexo. Precisamos reconhecer que mesmo que se possa resolver com medidas públicas, para que tudo se resolva, é preciso que tenhamos consciência e que se modifique a forma de pensar. É trabalho de formiguinha. Hoje a gente conscientiza uma, né? Depois outra. A informação toma posição de conhecimento, na luta contra o racismo, o sexismo, e na luta por essas mulheres”, relata Oliveira.
Nos momentos finais, a enfermeira também ressalta que é importante o processo de empoderamento “não ser uma estratégia kamikaze”, explicando que quando se toma o poder, não é só para si, é para um todo, para um coletivo.
“A desconstrução do imaginário de uma mulher negra no ambiente de trabalho não pode ser somente para A ou B, mas para todas as mulheres negras que sofrem suas consequências, ainda que não saibam”, conclui Oliveira.
Global Days of Service 2020
A live faz parte do projeto do Global Days of Service 2020 da Unifacs, que realiza diversas ações sociais para a comunidade.
Através dos projetos de extensão, professores, alunos e todo o corpo docente se engaja em ações que melhoram a realidade das comunidades em que a instituição está localizada.