A ação é liderada pela voluntária do Labsocial, da Unifacs, e já doou cerca de 500 máscaras em Salvador
Por Jeferson Santana
Revisão: João Greco
Segundo o dicionário, ressignificar é atribuir um novo sentido a alguma coisa. É isso que a soteropolitana Liliane Rosas tem feito ao liderar a Confecção do Bem: um projeto de doação de máscaras que funciona em meio ao caos provocado pela pandemia do Covid-19.
A estudante de Administração é voluntária do Laboratório de Empreendedorismo Social da Unifacs, o Labsocial, e se dedica a ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade. Ela já doou cerca de 500 máscaras de tricoline e algodão que são produzidas em seu ateliê no bairro da Fazenda Grande do Retiro.
De acordo com Rosas, o plano surgiu após um pronunciamento da Organização Mundial da Saúde (OMS). “As confecções começaram depois que a OMS passou a recomendar o uso de máscaras de tecido pela população em geral”, explica.
Ao observar a recomendação com um olhar social, Rosas pensou no que poderia fazer para ajudar os mais necessitados.
“A ideia de começar o projeto foi porque imaginei que todos deveriam adquirir máscaras de qualidade, mas nem todos conseguiriam devido as dificuldades financeiras”, detalha a artesã.
A estudante trabalha com a proposta “um para um”, que conheceu pelo modelo da empresa baiana Euzaria. A parceria foi intermediada pelo Labsocial e motivou Rosas a seguir o seguinte padrão: para cada produto vendido, um é doado.
Para o coordenador do Laboratório de Empreendedorismo Social da Unifacs, Paulo Henrique Oliveira, realizar atitudes como a de Rosas é essencial. “É fundamental a gente se mobilizar como cidadão e praticar alternativas que estão ao nosso alcance”, conta.
Mesmo com a alta dos preços, em decorrência da pandemia, Rosas não hesitou em realizar o serviço solidário e começou com os tecidos que já tinha.
“Passamos por uma certa dificuldade em adquirir os materiais, devido ao aumento dos preços, mas não desistimos”, explica a estudante que conta com a ajuda de duas tias para confeccionar as máscaras.
Solidariedade sem controle
Segundo Rosas, não existe meta a ser alcançada com o trabalho. “Enquanto tivermos material e for de necessidade da população o uso das máscaras, iremos continuar”, garante a jovem.
Rosas ainda revela que chega a doar algumas máscaras mesmo sem vender. “Não sei ao certo quantas pessoas já foram atendidas, pois pequei no controle já que doei algumas mesmo sem ter existido a venda, mas acredito que cerca de mais ou menos 500 pessoas foram beneficiadas” afirma.
Desejo antigo
Segundo Oliveira, a pandemia da Covid-19 “reacendeu uma antiga vontade” da universitária. “Liliane já tinha um desejo anterior de montar um negócio que tivesse como atividade principal ajudar as pessoas”, conta o professor.
“Ela viu nesse momento de pandemia o quanto, de fato, as pessoas precisavam. Então criou um negócio que tem a intenção de resolver e apoiar um problema social”, relata Oliveira.
“Se todo empresário, todo empreendedor, pensasse dessa maneira, certamente os impactos seriam menores na sociedade”, completa.
Ação necessária
A jovem artesã entende que as dificuldades enfrentadas no momento serviram para aflorar suas convicções e ressaltar a importância de atitudes como essas.
“Sempre acreditei que ações desse tipo são importantes, tanto que sempre existiu o desejo de querer ligar o ateliê a algo solidário; e, levando em consideração o atual cenário em que estamos, ações desse tipo passaram a ser ainda mais necessárias”, explica Rosas.