Dispositivo facilita a higiene das mãos em locais de grande movimentação. Projeto conta com o apoio da Prefeitura de Salvador e mentoria do Laboratório de Empreendedorismo da Unifacs
Por Gabriel Fraga*
Enquanto a vacina contra o Covid-19 não é desenvolvida, uma das urgências pública e privada é o desenvolvimento de soluções que possam prevenir o contágio da doença.
Em meio a esta realidade, a baiana Anna Luísa Beserra – uma das criadoras da Safe Drinking Water For All (SDW), startup socioambiental reconhecida pela ONU – desenvolveu o Aquapluvi.
O dispositivo pretende facilitar o acesso à higienização das mãos em locais de alto fluxo de pessoas, como mercados, hospitais e pontos de ônibus.
“A gente sabe que existem muitas regiões que não têm acesso à água, onde as pessoas não têm locais para lavar as mãos, e isso faz toda a diferença”, avalia Anna, que é formada em Biotecnologia.
“Como nós vamos falar sobre prevenção e higienização das mãos se as pessoas não têm onde fazer isso?”, questiona a empreendedora.
O dispositivo
A ideia principal do Aquapluvi é desenvolver uma tecnologia com diferenciais, que possa atender da melhor forma possível o público e que não tenha uma curta durabilidade, ficando implantada para além da pandemia.
“Além disso, neste período de chuvas em Salvador, queríamos utilizar essa água, que está disponível gratuitamente, como fonte alternativa para o equipamento. Então faremos o devido tratamento para que essa água possa ser usada, sendo também uma medida sustentável”, explica a biotecnologista.
O Aquapluvi tem estrutura semelhante a de um bebedouro, como os encontrados em shopping e escolas, sendo revestido em aço inox, para que possa ter uma maior durabilidade, tanto em relação ao tempo quanto por conta de vandalismo.
Possui estrutura de PVC, que faz a captação de água da chuva, e as torneiras, para água e sabão, que são acionadas com a mão.
Entretanto, Beserra conta que está sendo desenvolvido um mecanismo próprio, diferente dos já existentes no mercado, que possibilita o acionamento via pé, para evitar ainda mais o risco de contaminação através do toque.
Prefeitura de Salvador
O projeto piloto do Aquapluvi fez tanto sucesso que chamou a atenção da Prefeitura de Salvador. Segundo Beserra, “foi uma surpresa”, por conta da rapidez do município em desenvolver a parceria e o suporte dado no processo.
“A Prefeitura está correndo para conseguir a liberação da Vigilância Sanitária para o uso do equipamento aqui em Salvador. Já estão interessados em comprar um lote piloto para fazer os primeiros testes e, quem sabe, depois expandir a tecnologia”, explica Beserra, apontando também o interesse de instituições privadas no projeto.
Centro de Empreendedorismo e Inovação
Outra contribuição importante para o Aquapluvi é a mentoria realizada pelo Centro de Empreendedorismo e Inovação (CEI) – Laboratório de Empreendedorismo Social da Unifacs.
O CEI orienta parte do modelo de negócio para o funcionamento do dispositivo, como produto, e ajuda na articulação para que o projeto consiga captar recursos.
“Nós ainda estamos fazendo essa articulação com algumas instituições que possam vir a financiar o produto”, conta Paulo Henrique Oliveira, um dos mentores do projeto e, também, um dos coordenadores do Centro de Empreendedorismo e Inovação.
“Para isso você precisa de um plano de venda, tem que ter claro quais são os custos, então estamos caminhando nesse sentido”, explica Oliveira.
O coordenador conta também que o produto já está em fase de testes. Já houve reuniões com financiadores e um protótipo já foi testado em um ponto de ônibus.
*Sob supervisão de Antonio Netto, Professor de Jornalismo da UNIFACS e Coordenador da AVERA.