Por Marina Araújo e Rafaela Góis*
Revisora e Repórter da AVERA
*Este texto foi formulado com informações de 18/10/19
Foto: Leo Malafaia / AFP
No início do mês de setembro, uma grande quantidade de óleo atingiu o Litoral nordestino. De acordo com o levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), estima-se que 150 praias de mais de 60 cidades do litoral da região foram afetadas até o momento, alastrando-se por 2.100 km de nove estados.
Em termos de extensão, esse acidente ambiental é considerado o maior da história do Litoral brasileiro.
Uma análise com base nas correntes marinhas, feita pelo Laboratório de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), aponta que o vazamento ocorreu entre os litorais de Pernambuco e Paraíba, a uma distância entre 40 e 50 km da costa.
Não se sabe ainda sobre a origem desse petróleo, mas, de acordo com estudos realizados pela Petrobras, Marinha e Universidades do Nordeste, indica-se que o material é de origem Venezuelana, e acredita-se que é proveniente de um navio que percorreu a costa brasileira.
Marcelo Amorim, coordenador-geral de Emergências Ambientais do IBAMA, atuante como líder da força-tarefa federal, lembra que o Brasil já registrou em sua história vazamentos de óleo marcantes, como o da Chevron, em 2011, quando a mancha chegou ao máximo de 68 km de extensão.
“Essa é a pergunta que tem nos surpreendido. A gente percebe um ciclo, que o óleo começa a vir em pouco volume, como se fosse algo pontual, e você imagina que não vai passar daquilo. Aí no terceiro dia vem um volume maior, que assusta, com 100, 200 metros de mancha. É um perfil que tem se repetido. Aí passam dois dias e para de chegar”, afirma quando questionado se o aparecimento de manchas estaria chegando a fim.
Até o momento, já foram retiradas mais de 300 toneladas das praias e mares, que são encaminhadas para um depósito até que os órgãos responsáveis decidam o seu destino – até agora é indefinido.
As manchas de petróleo já atingiram também um trecho da área de proteção ambiental Costa dos Corais, considerada a maior unidade de conservação federal da Marinha Costeira do Brasil.
As manchas de óleo impactam a saúde dos animais marinhos e a economia local e de subsistência, as atividades ligadas ao turismo, como hotelaria, transporte e ramo alimentício.
O que se sabe até o presente momento acerca da ingestão desse óleo, é que pode ser cancerígeno e que é tóxico para consumo. Ainda não há proibição de uso das praias, mas as autoridades recomendam evitar o contato com o material.
De acordo com o IBAMA e com o Ministério do Meio Ambiente, a Bahia está em segundo lugar entre os estados mais atingidos no Nordeste pelas manchas de óleo.
Entre as medidas tomadas para cessar a situação estão a utilização de barreiras de contenção e agentes comunitários para a retirada dos óleos que contam com a participação significativa dos cidadãos que se voluntariam.
NOTA DO EDITOR:
As manchas de óleo que atingem o litoral da Bahia chegaram à cidade de Porto Seguro, no sul da Bahia, nesta quinta-feira (31). As praias atingidas ficam nos distritos de Arraial D’Ajuda e Trancoso – dois dos destinos turísticos mais procurados do estado.
**Revisado por Marco Dias e editado por Matheus Pastori