Foto: Cristina Gottardi
Com experiências imersivas, redes sociais e novas linguagens, instituições culturais buscam se aproximar da juventude e estimular o sentimento de pertencimento
Por Catarina Gramosa
Revisão por Alana Bitencourt
Os museus brasileiros têm passado por um processo de transformação para conversar com um público cada vez mais conectado e digital. De exposições interativas a conteúdo nas mídias digitais, as instituições culturais estão apostando em novas formas de engajamento para atrair os jovens e tornar suas visitas mais significativas.
Para Pablo Sousa, assistente do Museu da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), essa mudança já pode ser observada no modo como as exposições são planejadas. “Os novos museus e os revitalizados têm investido em mostras ligadas ao digital, explorando projeções e formas de interação com o público”, explica.
Ele acredita que uma das principais transformações está na entrada de novos profissionais e na troca de ideias entre diferentes áreas. “Hoje, pessoas que não são da museologia têm colaborado com novas propostas. Isso traz olhares diversos e renova a forma de pensar o museu”, afirma.
Ainda que nem todas as instituições acompanhem esse ritmo de modificações, Pablo destaca que isso não é necessariamente um problema. Para ele, cada museu tem seu próprio conceito e proposta, e a diversidade de abordagens contribui para ampliar o alcance e o papel desses espaços na sociedade. Enquanto alguns apostam em experiências digitais e interativas, outros preservam um formato mais tradicional, valorizando a contemplação e o estudo das obras.
A conexão com a juventude, contudo, surge como algo fundamental. Não se trata apenas de captar a atenção de visitantes, mas sim de integrar os jovens à narrativa em curso. “Frequentemente, a história ali presente é a deles, mas eles não têm acesso a essa informação. O museu deve trazer essa sensação de identidade”, enfatiza.
Neste contexto, as redes sociais têm sido cruciais. Plataformas como Instagram, TikTok e reels auxiliam na promoção de mostras, revelam detalhes interessantes e simplificam o acesso ao material. Para as novas gerações, acostumadas a consumir informação em formatos curtos e dinâmicos, essas linguagens digitais funcionam como um convite para conhecer de perto o que antes parecia distante.
Ainda que de forma sutil, é notável o aumento no interesse da juventude por assuntos relacionados à cultura e à história. A expansão das ações educativas e o investimento em eventos voltados para o público estudantil têm contribuído para essa mudança. Atividades como oficinas, rodas de conversa e visitas mediadas são algumas das estratégias usadas para tornar o museu um espaço mais acolhedor e participativo.
As experiências imersivas também têm ganhado espaço e contribuído para renovar a relação do público com a arte e a memória. No entanto, Pablo destaca a importância de equilibrar inovação e tradição, para que o museu continue sendo um local de reflexão, e não apenas de estímulos visuais.
Mais do que modernizar espaços, o desafio está em acolher o público jovem e fazer com que se reconheçam nas histórias contadas ali. Tornar o museu um ambiente de encontro, diálogo e descoberta é, segundo ele, o caminho para garantir que essas instituições sigam vivas e relevantes para as próximas gerações.
