Por Tairone Amélio
Estava eu assistindo o jornal na televisão quando percebi que alguns membros de minha família começaram a se reunir em volta da TV, não para ver o telejornal, mas para acompanhar a exibição de um Reality Show.
Lembro-me que fiquei revoltado, internamente, mas não demostrei essa emoção que se apoderou de meu ser. Mas comecei a reparar naquelas criaturas, ávidas por saber o que aconteceria no dia da disputa de liderança, meu “irmãozão” nem piscava os olhos.
Eu ainda estava confuso com aquele sentimento de curiosidade que se abateu sobre minha pobre alma solitária. Então fiz o que qualquer pessoa com um mínimo de juízo faria naquele momento, me inteirei do que estava acontecendo no programa.
Descobrir que aquelas pessoas que bebiam até cair, dançavam de forma vulgar, gritavam em vez de conversar, que beijavam pelo simples fato de não terem mais sobriedade de suas ações eram muito mais, muito mais do que os olhos simplórios podiam ver. Minha mente se abriu, meu muro caiu como o de Berlim, que não aguentou a vontade da massa e foi ao chão.
Vi meu preconceito sumir perante minha mentalidade revoltada com aqueles que eu, inocente julgava. Aquele Reality não era mais repulsivo, baixo, vulgar, era algo filosófico, de revelação profunda da psiquê humana, nível Freud de análise. Entretanto antes de Freud chegar ao meu campo mental, Burrhus Frederic Skinner me iluminou com o conceito “Caixa de Skinner”, que trata a compreensão do aprendizado por meio da estimulação.
A técnica do “Behaviorismo Radical” também conhecido como comportamentalismo, uma área da psicologia que tem o comportamento como objeto de estudo. Aquele mundo estranho começou a fazer sentido em minha mente contrária aquela comédia macabra da degradação humana.
Quando dei por mim, estava eu ali, torcendo para um grupinho de alpinistas midiáticos, estranho como me sentir conectado e atraído por tais criaturas que só demostravam felicidade quando a atmosfera da fofoca mostrava todo o esplendor da personalidade do homem. Concluir que há mais mistérios entre o Reality Show e seus telespectadores do supõe a vã filosofia de Freud, na pegada de Shakespeare.
É incrível como aquele mundo aparentemente podre, degradante, humilhante e também viciante, pôde ser tão revelador da psiquê humana, conseguiu mostrar muito de mim. Graças a Deus acordei dessa miséria que sorrateiramente comia minhas sinapses cerebrais, e dei aleluia porque saí a tempo de perceber que nem mesmo os filósofos conseguiriam explicar a real complexidade que um “Reality Show” tem.
E achei na filosofia popular uma tentativa de esclarecer essa obscuridade: mente vazia, oficina dos realities bro; e o que os olhos não veem, os realities não alienam; diga-me o que você assiste, que eu te direi quem é.