Foto: Freepink
Tudo se reinventa e no esporte não seria diferente
Por Ludmila Santana
Revisado por Gabriel Mascarenhas
Em um dia comum na década de 1980, teríamos torcedores sentados em frente a televisão ansiosos por finalmente ter a tão sonhada transmissão com cores. Apesar de ser um avanço recente e ainda restrito a alguns horários e canais, poder ver o modelo e a cor dos uniformes, a luz do sol refletindo no campo e revelando o verde vibrante do gramado representava uma nova era na relação entre o público e o futebol. A experiência deixava de ser sonora como na era de ouro do rádio, nos anos de 1950, saindo da “imaginação sonora” para tornar- se visual e emocional, transformando o ato de assistir o jogo em um verdadeiro evento familiar e social.
O consumo esportivo continuou caminhando até chegar no ambiente digital com sites, portais de esportes e, mais recentemente, as plataformas de streaming. Essas transformações mudaram a forma de assistir e se relacionar com o esporte, deixando as tradicionais transmissões de jogos feita pela TV aberta em segundo plano e marcando o início de uma nova era: a do consumo sob demanda, interativo e personalizado.
O Streaming aproxima os torcedores do clube?
Os torcedores passaram a viver experiências exclusivas, com transmissões em múltiplas câmeras, estatísticas em tempo real, chats interativos e conteúdos sob demanda que permitem reviver lances, acompanhar bastidores e até participar de votações sobre o jogo. As redes sociais e os streamings trabalham juntos para transformar os fãs em protagonistas, aproximando-os cada vez mais dos clubes. Enquanto a TV aberta ocupa um papel de reserva, acionada apenas em momentos de grande apelo popular.
Mas até que ponto os streamings são realmente acessíveis? O torcedor do Bahia, Denílson Santos, de 58 anos, desabafa: “É muito complicado adivinhar onde vai passar o jogo. Às vezes o sinal trava, ou pedem mais uma assinatura. Fica caro e cansativo”.
O que levanta o questionamento sobre a desigualdade digital, principalmente quando pensamos em uma pessoa que acompanhou a trajetória da informação, desde a rádio até o streaming. Para esse público conseguir saber em qual site ou aplicativo está o direito de transmissão de cada partida se tornou um verdadeiro desafio. A multiplicidade e a necessidade de diferentes assinaturas e a falta de padronização tornam o consumo esportivo mais confuso e excludente, especialmente para quem não está familiarizado com as novas tecnologias ou não dispõe de acesso constante à internet.
O streaming esportivo, com sua promessa de liberdade e conteúdo exclusivo, representa um salto tecnológico incontestável, mas que ainda não alcançou todos os torcedores de forma justa e acessível. O desafio, agora, é transformar a tecnologia em ponte e não em fronteira, garantindo que a paixão pelo esporte continue sendo um direito de todos.
