O dia dos Povos Indígenas foi criado para celebrar anualmente a diversidade da cultura indígena no Brasil
Por: Ana Luísa Gomes
Revisão: Monique Sousa
A partir de 2022, o Brasil passou a celebrar o Dia dos Povos Indígenas em 19 de abril, substituindo o antigo Dia do Índio que era comemorado desde 1943. Essa mudança foi motivada por críticas de líderes indígenas, que argumentaram que o termo “índio” possui conotações pejorativas e está associado a preconceitos. Em julho de 2022, a Lei 14.402/22 oficializou a alteração do nome da data, refletindo um movimento de respeito e valorização das culturas indígenas no país.
A mudança de nomenclatura é crucial para combater os estereótipos em relação aos povos indígenas que residem no Brasil. No entanto, a efeméride continua sendo uma oportunidade para celebrar e disseminar conhecimento sobre a história e a identidade dessas comunidades.
“O termo (índio) já não nos representa mais, pois dentro dele não cabem as diversas manifestações socioculturais e linguísticas dos nossos povos. Agora somos indígenas, termos que nos une em uma única bandeira, porém também nos individualiza enquanto povo Tuxá, povo Tupinambá, ou qualquer outro povo, com nossas culturas e tradições diferentes”, afirma Carlos Tuxá – Zahaty Ká Arfer Jurum Tuxá, coordenador de assuntos fundiários da Superintendência de Políticas Para os Povos Indígenas.
A data também é um momento para que a população tenha maior contato com a cultura indígena, com o objetivo de quebrar preconceitos e dando oportunidade de ampliar seu conhecimento sobre os indígenas, suas histórias e suas culturas.
“Quando eu era professora do ensino fundamental e do ensino médio, sempre reforcei a celebração do dia 19 de abril como um dia de conhecimento da cultura indígena, mostrava que não era legal pintar as crianças nem “fantasiá-las” de indígenas pois é extremamente desrespeitoso. Sempre procurei levar informações aos alunos sobre a cultura geral e não colocar o povo indígena como um estereótipo”, relata Cláudia Reis, professora de Artes Plásticas.
Contributo para a cultura brasileira
O povo indígena desempenhou um papel fundamental na formação da cultura brasileira. Sua influência é evidente nos costumes, na alimentação, na língua e na diversidade étnica do povo brasileiro. Atualmente, existem mais de 200 etnias indígenas vivendo em território nacional. Uma dessas etnias é a Tuxá.
O Povo Tuxá participa de identidades diversas, sendo simultaneamente: indígenas, ribeirinhos, caatingueiros, vazanteiros, agricultores, pescadores e na atualidade com grande incidência no universo acadêmico, as novas gerações de Tuxá trazem a força do encontro entre o saber tradicional e o científico.
“Meu povo pratica o Toré como manifestação cultural, como o culto ao gentio como ritual sagrado, temos vários cantos sobre lugares, seres espirituais e de resistência, poesias e os eventos calendarizados, como o dia 15 de junho, a primeira noite dos Tuxá, a festa da autodemarcação e o evento do Capitão indígena Francisco Rodelas”, conta Zahaty Ká Arfer Jurum Tuxá.
Além disso, os conhecimentos tradicionais dos povos indígenas sobre o meio ambiente, plantas medicinais, técnicas de agricultura sustentável e manejo dos recursos naturais. Ou seja, são de grande importância para a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável.
“Nossas vestimentas são feitas da fibra do caroá, tem uma coloração amarelo palha, algumas tingem com a casca da raiz da jurema o que confere uma cor marrom avermelhado. Nossa plumagem vem das aves nativas da região da caatinga, além do
vermelho e do preto dos grafismos corporais, continua Carlos Tuxá – Zahaty Ká Arfer Jurum Tuxá.
As pinturas corporais e faciais são utilizadas pelo povo indígena para identificar os membros das tribos, os desenhos também são feitos de acordo com a função na tribo ou em rituais.
“ A nossa pintura representa as ilhas e o curso do Rio São Francisco, para a pintura é utilizado o urucum e o jenipapo”, finaliza Carlos Tuxá.
Por meio da celebração do Dia dos Povos Originários, podemos reconhecer a significativa contribuição dos povos indígenas para a diversidade cultural e ambiental do Brasil. É também uma oportunidade para nos comprometermos a apoiar suas lutas por justiça, igualdade, respeito aos seus direitos e à sua autonomia, os povos originários são o futuro da humanidade.